O Brasil tem um histórico preocupante de perder momentos cruciais de desenvolvimento tecnológico e econômico. Deixamos passar oportunidades na industrialização, na revolução digital e, agora, corremos o risco de repetir os mesmos erros na era da Inteligência Artificial (IA) e dos data centers. A explosão da IA generativa está transformando setores inteiros, desde a saúde até a indústria criativa, e trazendo consigo uma demanda cada vez maior por infraestrutura computacional robusta. Data centers são o coração dessa revolução, armazenando e processando quantidades colossais de dados para alimentar modelos complexos de IA. No entanto, enquanto o mundo inteiro corre para expandir sua capacidade de processamento, o Brasil ainda patina em burocracias, tributação excessiva e falta de incentivos.

O Brasil possui vantagens naturais e estruturais que podem colocá-lo em uma posição estratégica no mercado global de data centers e IA. Temos uma matriz energética predominantemente renovável, com 84,25% da energia proveniente de fontes como hidráulica, eólica e biomassa, o que se alinha à crescente demanda por soluções sustentáveis. Além disso, contamos com regiões de clima ameno, como no Sul do país e cidades serranas – como Petrópolis, Friburgo e Campos do Jordão, que oferecem condições ideais para refrigeração natural de servidores, reduzindo custos operacionais. Outro ponto fundamental é a qualidade da nossa mão de obra. Profissionais qualificados nas áreas de tecnologia, engenharia e gestão estão prontos para atender à demanda de um setor em franca expansão. No entanto, a falta de incentivos governamentais e a pesada carga tributária sobre a energia elétrica tornam inviável a atração de investimentos estrangeiros e a expansão de empresas nacionais.

Se o Brasil deseja se tornar um player relevante nesse mercado bilionário, precisa de uma estratégia clara e eficiente. É essencial a criação de políticas públicas que incentivem a instalação de data centers no país, como a desoneração de impostos sobre energia elétrica para data centers sustentáveis e a concessão de incentivos fiscais para empresas que invistam em infraestrutura local. Além disso, o mercado de gás natural também precisa ser melhor explorado. A ampliação dessa matriz poderia proporcionar custos energéticos mais competitivos, diversificando a oferta e estimulando a produção industrial em diversas áreas.

Enquanto não tomamos decisões, outros países estão avançando a passos largos. Os Estados Unidos concentram 33% dos data centers do mundo, enquanto Europa e China também disputam o protagonismo. O Brasil, com sua infraestrutura e potencial, não pode continuar assistindo de camarote. A crescente demanda por IA e processamento de dados está impulsionando o consumo global de energia, e a pressão por soluções sustentáveis está em alta. Empresas e governos estão investindo pesado em soluções verdes, e o Brasil pode se destacar nesse cenário com sua matriz energética renovável.

O Brasil precisa agir agora para não perder mais uma oportunidade histórica. Incentivos fiscais, desoneração de tributos sobre energia e um plano estratégico são fundamentais para atrair investimentos e consolidar o país como um hub tecnológico na América Latina. A revolução da IA está acontecendo, e os data centers são sua espinha dorsal. O Brasil tem tudo para ser protagonista. Basta não deixar esse bonde passar novamente.

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